Uma vaga em escolinha

10 de mar. de 2009

O post é longo...
Na verdade nunca pensei que chegaria ao ponto de ter que fazer isso... mas...

Estamos desde outubro (mais ou menos) envolvidos com a busca, cadastramento, entrevista e espera por uma vaga em alguma escolinha para a Mariana.
Aqui em Düsseldorf (e acho que na Alemanha como um todo) funciona assim: quando a criança completa 3 anos próximo ao início do ano letivo, que é agosto, o governo é obrigado a ofertar uma vaga para ela em qualquer "kindergarten" da cidade.
O que pode ser feito é buscar as escolinhas próximas da sua casa, ir até lá e fazer um cadastro.
Geralmente são oferecidas poucas vagas e aí passasse por um processo de seleção, onde há uma lista de prioridades: se a mãe trabalha fora e vai retornar ao trabalho*, se a família já tem um filho na mesma escola, se ambos pais trabalham full time, se a criança já completou 3 anos...
E em escolas mantidas pelas igrejas ainda há a prioridade para as crianças cujos pais participem da Comunidade/Paróquia.

* Explicando melhor essa parte. Aqui a mãe recebe um incentivo grande para ficar com seu filho e acompanhá-lo durante os 2 primeiros anos de vida.
No meu caso, como eu não trabalhava antes, isso não muda nada. Só quando a mãe trabalha fora, o governo garante que ela terá a vaga de emprego dela quando decidir voltar e a mantém durante esse período em que ela fica com o filho. Não sei precisar o valor que ela recebe.
E quando ela volta a trabalhar pode escolher ter carga de trabalho reduzida, para não ficar tanto tempo longe do filho.
Geralmente nesse período a criança fica com uma Tagesmutter (mulher que cuida, como uma babá, mas com várias crianças sob seus cuidados) por algumas horas.

Voltando ao nosso caso. A Mariana fica comigo full time. Todas as sextas vamos num grupinho para ela brincar/pintar/se socializar com outras crianças. São 8 mães e 8 filhos mais a professora que coordena as atividades do dia.

Isso já é um ensaio para a entrada num kindergarten, pq lá a língua falada é alemão.

Procuramos as escolinhas do nosso bairro (que diga-se de passagem é um bairro super concorrido) e nos cadastramos nas mais próximas e/ou que nos agradaram mais: 2 são mantidas pela igreja católica, 1 é pública, 1 Montessoriana e 1 é de iniciativa privada.
O valor da mensalidade é o mesmo para qualquer uma delas, porque o governo subsidia todas elas, e o valor da mensalidade é calculado com base na renda familiar e tem um teto máximo.
A carga horário é de 35 ou 45 horas semanais. Antigamente existia a de 25h semanais, que pra nós já seria o suficiente.

Falando de cada uma separadamente:
1. as duas mantidas pela igreja são boas. Uma é menor, com 2 grupos e um total de 45 crianças. Fomos super bem recebidos, o lugar é aconchegante e limpo.
A segunda é maior, o prédio tem 2 andares e os grupos são divididos em 4 com um total de 90 crianças. Não fomos tão bem aceitos. A primeira pergunta que a coordenadora nos fez foi: "Vocês participam da Comunidade?". E a nossa resposta negativa parece que não ecoou tão bem aos seus ouvidos.
Depois ela ainda fez cara feia quando dissemos que só falamos em português com a Mariana.
Ué, nossa língua mãe é essa!

2. a escola pública: fomos super bem aceitos, nos sentimos confortáveis e a coordenadora nos transmitiu confiança, amor ao que faz e muita segurança. Foi nessa escola que conseguimos perguntar tudo o que gostaríamos de saber.
O único porém é que o prédio tem 2 andares, com uma escadaria grande em "L" e as crianças circulam por toda a parte. Como são poucas professoras e auxiliares eu fiquei com um pouco de medo da filhota se estatelar escada abaixo. Perguntamos sobre isso e a coordenadora sorriu e disse que não havia tido nenhum acidente grave por causa da escada.
A grande vantagem é que eu posso buscar a Mariana às 12h30, ela almoço comigo e volta se quiser para a escola às 14h30, para as atividades da tarde (aula de música, aula de esportes, etc).
Na quinta passada recebemos um carta com um OK dessa escola!
Yay! Já temos um SIM!

Para as 2 próximas escolas, tivemos que fazer uma "redação" explicando os motivos de querer colocar nossa filha nela, nos pediram uma foto da filhota para a Montessori e uma foto da família para a escola de iniciativa privada. Fomos informados que o processo funciona conforme as regras de seleção e receberíamos resposta positiva, negativa ou seríamos chamados para uma entrevista.

3. Montessori: esse é um método muito interessante, onde a criança recebe algumas orientações e ela é livre para escolher a atividade que quer fazer. A escola é boa, o método é excelente, mas não sei se vai rolar.
Fomos chamados para entrevista. Eram 3 entrevistadoras sentadas de um lado da mesa, do outro éramos marido, eu e a filhota.
Durou cerca de 40 minutos, um clima um pouco tenso.
Perguntamos da possibilidade de eu buscar a Mariana para almoçar em casa e verificamos que elas não receberam bem essa pergunta.
Well, posso dizer que entrei muda e saí calada dessa entrevista. Se eu disse 20 palavras foi muito. Eu me senti um pouco intimidada, confesso.

4. Escola de Iniciativa Privada: essa nós fizemos o cadastro sem esperança alguma, é uma escola pequena, com cara de só entrar por indicação de quem já está lá, jeito de ser escola para filhos de Dusy (pessoas "bem nascidas" em Düsseldorf).
Para nossa total surpresa recebemos uma carta avisando a data da nossa entrevista.
Fomos lá ontem.
Apesar de ter um tom de interrogatório também, a entrevista foi mais tranquila, um clima mais confortável. Estavam presentes 8 mães de crianças que estudam lá, 1 pai e a coordenadora. Como é de iniciativa privada, os pais ajudam a educar os filhos (esse é o lema da escola).
Nos sentamos todos na mesa onde as crianças fazem as refeições (mini mesa e mini cadeiras, haha) e a mesa estava farta como se fossemos tomar um café da tarde. :)
Mariana ficou brincando o tempo todo, enquanto eles nos perguntavam quais eram nossos objetivos, nossos hobbies, nossas habilidades, como gerenciamos o nosso tempo.
Enfim, não sabia se eu respondia que teria bastante tempo livre, já que isso poderia ser um ponto positivo, pois eu poderia ajudar mais na escola OU se eu respondia que pretendo começar a trabalhar e estudar, pois isso é uma das prioridades nas escolas em geral.
Só sei que contei todas as minhas habilidades: que sou nutricionista, gosto de cozinhar, que tenho facilidade com trabalhos manuais, que toco piano, que falo português e inglês, um pouco de espanhol e italiano e principalmente que tenho boa vontade.
E marido disse que é expert em informática, tem por hobby fotografar e também está disposto a ajudar.
Saímos de lá sorrindo, com vontade de receber um sim. :)

Acho que é isso... não quero um lugar para deixar minha filha feito um depósito de crianças. Quero um lugar onde ela possa aprender, interagir, socializar-se e ser feliz! :)

Aguardem mais novidades...